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NEWSLETTER Nº1 |
1 . JULHO . 2009 |
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Programa IDENTIDADES
A Direcção Regional de Cultura do Alentejo encontra-se a desenvolver o Programa IDENTIDADES – Salvaguarda do Património Imaterial do Alentejo, em parceria com várias entidades públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, tendo como objectivo implementar na região o espírito da Convenção para a salvaguarda do património cultural imaterial, adoptada pela UNESCO e já ratificada pelo Estado Português, assim como as Directrizes para a criação dos tesouros humanos vivos, documento que define os seus detentores e a possibilidade da sua classificação.
O programa IDENTIDADES desdobra-se em três linhas de acção: Arquivo, Salvaguarda e Inovação. Realizado em parceria com a Câmara Municipal de Portel e a empresa Sistemas do Futuro, o Arquivo diz respeito à construção do inventário do património cultural imaterial e oral do Alentejo, tendo como objectivo a gestão dos recursos no território a partir da constituição da paisagem literária e etnográfica da região e da identificação dos novos quotidianos aqui presentes. A Salvaguarda corresponde ao desenvolvimento de estratégias conducentes à transmissão do património imaterial e oral da região. Por fim, a Inovação está relacionada com a promoção do património imaterial do Alentejo.
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Salvaguarda do património cultural imaterial do Alentejo – Rede Identidades
No âmbito do Programa Identidades, a DRCALEN criou a Rede Identidades constituída por projectos específicos de carácter regional, assumidos por autarquias e outras instituições, que se destinam à salvaguarda de diversas manifestações do património imaterial do Alentejo, nomeadamente:
— Projecto dedicado ao Território, à Paisagem e Identidades, denominado “Jardim do Mundo”, Câmara Municipal de Portel (protocolo assinado a 8 de Março de 2008);
— Projecto dedicado ao estudo e salvaguarda do Teatro Tradicional, Câmara Municipal de Borba (protocolo assinado a 5 de Abril de 2008);
— Projecto dedicado ao estudo e salvaguarda da “Viola de Arames”, Câmara Municipal de Ourique (protocolo assinado a 19 de Abril de 2008);
— Projecto dedicado ao estudo e salvaguarda dos “Cantes de Improviso”, Câmara Municipal de Alcácer do Sal (protocolo assinado a 17 de Maio de 2008);
— Projecto dedicado ao estudo e salvaguarda do “Cante a Vozes”, Câmara Municipal de Serpa (protocolo assinado a 6 de Junho de 2008);
— Projecto dedicado ao estudo e salvaguarda dos têxteis do Alentejo, Câmara Municipal de Arraiolos (protocolo assinado a 12 de Junho de 2008);
— Projecto dedicado ao estudo e salvaguarda das práticas alimentares do Alentejo, Confraria Gastronómica do Alentejo (protocolo assinado a 30 de Novembro de 2008);
— Projecto dedicado à salvaguarda da História Oral do Alentejo, denominado “Arquivo de História Oral”, Câmara Municipal de Beja (protocolo assinado a 18 de Dezembro de 2008);
— Projecto para a investigação, sustentabilidade, promoção e divulgação do Improviso e das Expressões Orais, com particular incidência na poesia improvisada e nas tradições musicais, Câmara Municipal de Portel e UNIMED – Unione DElle Universitá del Mediterraneo (protocolo assinado a 7 de Março de 2009);
— Projecto para a Salvaguarda da Festa de Santa Cruz da Aldeia da Venda, Câmara Municipal de Alandroal, Junta de Freguesia de Santiago Maior e Centro de Cultura e Recreio da Aldeia da Venda (protocolo assinado a 9 de Maio de 2009);
— Projecto para a Salvaguarda da Festa de Santa Cruz e Dança da Pinha, Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, Junta de Freguesia de Monsaraz e Centro de Convívio da Barrada (protocolo assinado a 16 de Maio de 2009). |
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Jardim do Mundo, um centro interpretativo do património imaterial do Alentejo
No âmbito do Programa IDENTIDADES, a Câmara Municipal de Portel encontra-se a desenvolver o projecto Jardim do Mundo, o qual constituirá o centro interpretativo do património cultural imaterial e oral do Alentejo.
Este projecto será instalado no extinto Convento de São Paulo de Portel, o qual vai ser recuperado para receber o arquivo audiovisual do Alentejo e exposições multimédia sobre o território, as paisagens culturais e a construção das identidades. A antiga cerca conventual constituirá um espaço dedicado às artes do espectáculo e artes performativas da tradição, acolhendo expressões regionais, nacionais e internacionais, e a igreja acolherá o museu de arte sacra, tornando-se também o espaço de memória deste convento paulista.
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Teatro tradicional no Alentejo, um tesouro vivo
No âmbito da realização do inventário do património imaterial do Alentejo identificaram-se, na área de alguns municípios, algumas expressões que se podem classificar de teatro tradicional, mostrando a grande diversidade e riqueza desta região neste domínio, como é o caso dos Presépios, curtos autos de Natal feitos por homens cuja realização se abandonou há cerca de 20 anos (Nisa e Crato); do Cântico ao Horto das Oliveiras, ‘representado’ em Maio e hoje só subsistente na Aldeia da Venda (Alandroal) e na Barrada (Reguengos de Monsaraz); ou das Brincas dos Canaviais (Évora), representações que se realizam no Carnaval, compostas de uma contradança e de um ‘fundamento’ em décimas. No âmbito do levantamento efectuado, destaca-se, em particular, a localização de um grupo que ainda coloca de pé os títeres vulgarmente conhecidos como Bonecos de Santo Aleixo, em São Bento do Cortiço (Estremoz) e identificou-se, em particular, o Presépio da Trindade (Beja), espantoso auto com duração superior a cinco horas, no qual se reconhecem ainda vilancicos e partes em “língua de preto”.
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A DRCALEN, através do Programa IDENTIDADES, consciente do valor deste património, arrancou com o processo conducente à sua salvaguarda, em parceria com o Município de Borba, local escolhido para sedear um projecto em torno do teatro tradicional. Para além da criação de um espaço dedicado a esta temática uma vez que os Bonecos de Santo Aleixo são oriundos deste município, projecto a ser desenvolvido pela autarquia na sequência do protocolo assinado para o efeito com a DRCALEN, o processo inclui todo um conjunto de acções, a decorrerem em contínuo, com espectáculos, workshops e exposições, a desenvolver em vários locais e directamente com os detentores deste património. |
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As festas da Santa Cruz em Aldeia da Venda e na Barrada
Na Aldeia da Venda (Alandroal) e na Barrada (Reguengos de Monsaraz) realiza-se a Festa da Santa Cruz na qual se canta e representa o Cântico ao Horto das Oliveiras e os Martírios do Senhor. Esta festa, realizada no mês de Maio por se comemorar a Invenção da Cruz, é das manifestações mais interessantes que o Alentejo guarda. Outrora, tinha uma expressão geográfica maior mas hoje apenas ocorre nestas duas aldeias.
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Pautada pela ausência eclesiástica e com todo o ritual complexo que lhe está associado, a festa reveste-se de uma liturgia perdida e descontextualizada que sobreviveu até aos nossos dias graças à piedade popular e à devoção à Santa Cruz por parte destas comunidades, devoção essa que pode estar associada à presença da relíquia do Santo Lenho que se venera na Igreja de Vera Cruz (Portel). Inclusive, a cruz que popularmente estas populações montam todos os anos assume forma idêntica à do relicário setecentista que alberga a famosa relíquia.
O Cântico ao Horto das Oliveiras é cantado por dois grupos de raparigas, um que acompanha a Madanela e outro a Mordoma, que saindo de locais diferentes da povoação, acompanhadas por atiradores, vão cantando em coro e tocando um pandeiro de forma particular (friccionado com um dedo). Os dois grupos encontram-se e a Madanela e a Mordoma trocam os objectos que transportam, a cruz e o sudário. No fim, todo o grupo regressa à Casa da Cruz.
A DRCALEN, através do programa IDENTIDADES, na certeza da importância extrema desta manifestação, efectuou este ano uma recolha em vídeo e em fotografia destas duas festas, no contexto das quais assinou os respectivos protocolos com vista à sua salvaguarda.
A equipa de audiovisual, sob coordenação do antropólogo Paulo Lima, foi constituída por José Edgar Feldman (realizador), Rui Sabino (operador de som) e Augusto Brázio (fotógrafo). Contou-se com o apoio das instituições envolvidas, nomeadamente, na festa da Aldeia da Venda, a Câmara Municipal do Alandroal, a Junta de Freguesia de Santiago Maior e o Centro de Cultura e Recreio da Aldeia da Venda, e na festa da Barrada, a Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, a Junta de Freguesia de Monsaraz e o Centro de Convívio da Barrada. |
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Edição da série “Povo que Canta”, uma parceria DRCALEN e RTP
Entre 1970 e 1971, Alfredo Tropa realizou para a Rádio Televisão Portuguesa a série “Povo que Canta”, um conjunto de 35 episódios sobre a música regional de Portugal. Deve-se a Michel Giacometti a concepção do projecto de recolha, assim como os textos que serviram de base à sua construção. A série, filmada em todo o Portugal continental, constitui um documento fundamental para o conhecimento não só das práticas musicais tradicionais mas também da vida das comunidades antes da revolução de 1974.
No ano em que passam 80 anos do nascimento deste investigador (1929-2009), a DRCALEN considerou pertinente assinalar a efeméride com a edição em DVD deste trabalho ímpar, a qual contará ainda com dois filmes inéditos realizados em 1962/’63, um sobre a pesca da sardinha em Portimão e outro sobre uma reunião de conselho em Rio de Onor.
A edição do “Povo que Canta” resulta da parceria estabelecida com a RTP, a que se juntará o Instituto dos Museus e da Conservação, o Museu da Música Portuguesa/Casa Verdades Faria e a Comissão Nacional da UNESCO. |
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